A Gestão Participativa e o Desenvolvimento do Turismo Sustentável no Ceará
ADAPTADO POR:
Isabella Freires TAVARES
isabellatares@gmail.com
Universidade Federal do Ceará
A atividade turística promove a geração de emprego e renda, colaborando com o desenvolvimento econômico local, de modo a trazer benefícios. Nesse aspecto, porém, impactos negativos são também percebidos devido as alterações expressivas no ambiente costeiro, na instalação de equipamentos e empreendimentos turísticos, podendo interferir nas atividades cotidianas e no convívio social de comunidades tradicionais pesqueiras.
Reconhecendo a importância dessa atividade para a economia, a pesquisa destaca o potencial em desenvolvê-la de modo a minimizar a degradação do meio ambiente e os impactos negativos as culturas locais. A sustentabilidade no turismo vem se tornando um interesse cada vez mais comum, no entanto, o Nicolas Lobo expõe que os preceitos sustentáveis podem ser utilizados para ser adquirido o “selo verde”, sem necessariamente se apropriarem de práticas capazes de melhorar o meio e as populações locais.
O aumento exponencial da atividade turística, para as comunidades tradicionais litorâneas no Nordeste, transformou as relações entre os moradores e entre estes e a natureza. São efeitos as mudanças nas relações de trabalho; pescadores passaram a obter sua renda através de serviços prestados (caseiro, porteiro etc.) aos proprietários de casas de veraneio. Segundo o Lobo (2014, p. 86), o surgimento de novos serviços “trouxe certa comodidade e benefícios, entretanto apenas para uma parte da população local”.
O Estado do Ceará se destaca como um dos principais destinos turísticos do país, porém o desenvolvimento do setor provocou inúmeros problemas aos moradores de comunidades tradicionais, surtindo a necessidade de promover um turismo baseado na participação comunitária. No caso específico da praia do Batoque, do município de Aquiraz, a comunidade reagiu ao fluxo de turistas. A luta dos moradores frente o crescimento do turismo e a especulação imobiliária gerou a instituição da Reserva Extrativista do Batoque (Figura 1).
Figura 1: Localização da RESEX da praia do Batoque – Aquiraz-CE.
Composta por 262 famílias, que resistem as ameaças e se organizam junto a Associação de Moradores, a Reserva conta com o apoio de instituições parceiras, como a Rede TUCUM e o ICMBio. A Rede TUCUM, por exemplo, impulsiona o desenvolvimento do turismo comunitário em diversas comunidades litorâneas no Estado do Ceará (Figura 2), tendo o papel de integração e articulação entre as mesmas.
Figura 2: A RESEX da praia do Batoque na Rede TUCUM
De modo geral, percebeu-se a necessidade de melhor institucionalização da atividade, da gestão e do planejamento, para que a comunidade alcance maior nível de integração ao turismo local. Apesar da maioria dos moradores apoiarem e se interessassem pelo turismo, o autor identificou a falta de conhecimento acerca da prática turística sustentável e também de incentivo para geração de uma atividade turística comunitária.
Na pesquisa, pode-se constatar que o turismo comunitário, do ponto de vista teórico, possibilita a organização de práticas sustentáveis, levando em consideração as limitações ambientais e principalmente a inclusão da comunidade em todo o processo. No entanto, percebeu-se obstáculos no desenvolvimento de práticas sustentáveis a longo prazo; destaca-se que a questão econômica é essencial para consolidação desta forma de atividade; tendo o acesso ao mercado aberto e a introdução de mecanismos tradicionais, como agências de viagens, ações estratégicas que podem contribuir com o desenvolvimento socioeconômico local, quando alinhados ao propósito da sustentabilidade.
Referência: LOBO, Paulo Nicholas Mesquita. O Turismo Comunitário como estratégia de desenvolvimento sustentável: o caso da reserva extrativista do batoque – Aquiraz-CE. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará – Centro de Ciências, Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Fortaleza-CE, 2014. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/16912.