A Problemática da Mobilidade e da Acessibilidade no Município do Crato – Ceará
ADAPTADO POR:
Rodrigo Alves de LIMA
rodrigoalvesdelima13@gmail.com
Universidade Federal do Ceará
O Crato, município de porte médio no sul do Ceará, integra a Região Metropolitana do Cariri, localizada no sopé da Chapada do Araripe, é um importante centro econômico, social e cultural que exerce influência sobre o interior do Ceará e municípios de outros estados como Pernambuco. Conhecida como o “Oásis do sertão”, historicamente sempre foi ponto de encontro de estradas desde as boiadas e hoje destaca-se na produção agropecuária e produtos regionais. O objetivo deste trabalho é explanar o desenvolvimento da mobilidade urbana e acessibilidade ao lado do crescimento urbano em um município de relevo acidentado.
Siebra (2016) afirma que a análise da mobilidade urbana no município permite entender a gestão da ocupação do território e como isso promove acessibilidade e respeito ao meio ambiente. O Crato é um terreno propício a essa abordagem, dado seu porte urbano em constante crescimento e possuir uma parte do Geoparque do Araripe situado dentro de seu traçado municipal.
A influência que a conurbação de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (surgindo a sigla CRAJUBAR) (figura 1) possui sobre o interior nordestino, sobretudo cearense, reflete em si mesma, dinamizando a construção do espaço urbano. Esta construção não é em geral regularizada e não promove a integração dos indivíduos com a cidade.
Figura 01 – Influência Crajubar
A evolução da mancha urbana municipal (figura 2), que no século XVIII era reduzida a o que hoje é considerado seu centro histórico foi se expandindo ao seu redor e enfrentando a morfologia acidentada da região, um fator que potencializa os desafios para que se construa um modelo de mobilidade e acessibilidade que integre as áreas do município. Uma das paisagens marcantes e que denunciam as condições precárias de deslocamento são as ladeiras, que diante da ausência do poder público no seu planejamento e manutenção, essas ações são realizadas por conta dos próprios moradores. Assim, sem uma padronização, o deslocamento a pé é um empecilho à acessibilidade. Firmiana Siebra também cita a realização de grandes eventos no município, como a Expocrato, que durante sua realização algumas vias de acesso são destinadas apenas ao acesso por pedestres, enquanto o fluxo de carros congestiona outras vias, apontando a necessidade de se pensar um melhor planejamento de mobilidade para a realização do evento.
Siebra (2016) cita o desenvolvimento das ocupações no Crato de forma desordenada, assim como outras cidades brasileiras, além da inanição do poder público no planejamento urbano. E que o município, como concentração urbana importante na região, o poder público responsável deve promover ações que permitam um melhor deslocamento de seus habitantes dentro do município. A institucionalização da Região Metropolitana do Cariri é um fator importante para a arrecadação de recursos e para uma governança que fortaleça as ações de integração, que inevitavelmente beneficiaram o Crato. É importante que essas ações sejam discutidas com a população cratense, Firmiana Siebra também cita a calçada como espaço de convivência, hábito que apesar de retratar uma imagem de pequenas cidades interioranas ou dos bairros periféricos nas grandes metrópoles, resiste ao avanço do desenvolvimento urbano no Crato.
Referências
SIEBRA, Firmiana Santos Fonseca. Mobilidade nos centros urbanos: planejamento e gestão da acessibilidade na cidade de Crato/CE. 2013. 245 f. Tese (Doutorado em geografia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, 2013. Acessado em 27 de fevereiro de 2020.