A IMPORTÂNCIA E OS DESAFIOS NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO ESTADO DE RORAIMA
ADAPTADO POR:
Isabella Freires Tavares
isabellatares@gmail.com
Universidade Federal do Ceará
O turismo é uma atividade motivada pela experiência de novas condições, características e especificidades em determinado local. A necessidade de realizar atividades diversas é própria do ser humano, pois a sociedade busca expandir áreas de convívio, experiências sociais e a ocupação novos espaços.
Enquanto forma de mobilidade, o turismo possibilita o desenvolvimento econômico, político, social, cultural e espacial posto envolver a atuação de diversos atores locais (comerciantes, artesãos, empreendedores hoteleiros, vendedores ambulantes etc.).
A região Norte do país abriga uma diversidade de riquezas naturais, históricas, étnicas e culturais devido a presença da floresta Amazônica e de comunidades indígenas que lá habitam. Possui características específicas de vivências e práticas sociais que diferem do habitual conhecido nas cidades inseridas em outras regiões do país.
Tais características induziram a criação de uma das primeiras políticas públicas nacionais voltadas ao turismo na região, o PROECOTUR (Programa para o Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal), que promoveu a implantação de infraestrutura turística básica para o desenvolvimento sustentável do setor, por meio da construção de novos hotéis e pousadas, fornecendo empregos aos moradores locais.
O estado de Roraima é considerado o mais indígena do Brasil pois agrega cerca de 11 etnias (macuxi, wapixana, wai wai, waimiri-atroari, taurepang, yekuana, yanomami, ingarikó, patamona, pemon e pirititi), distribuídas em mais de 20 territórios indígenas (Figura 1). O estado dispõe de elementos paisagísticos, culturais e sociais diversos, têm uma fauna e flora rica em espécies conferindo um destino voltado para apreciação da natureza. Destaca-se que os segmentos turísticos de maior relevância são o turismo de aventura, geológico, étnico, cultural, de eventos, de raiz e de férias.
De acordo com Bruno de Brito, em Roraima as condições de acomodação, de acesso e alimentação são consideradas extremamente simples. A simplicidade não é sinônimo de pobreza, mas refere-se a singeleza e simplicidade do atendimento. Esse aspecto reflete ao “tempo social” próprio de Roraima, ou seja, não há uma preocupação ou pressa em modernizar e aperfeiçoar a atividade turística.
O turismo é capaz de gerar muitos benefícios, sendo alternativa para um desenvolvimento sustentável convergindo as necessidades da comunidade, trazendo soluções aos problemas que ainda se fazem presente na região, como a falta de infraestrutura básica, de acesso e sinalização.
O desenvolvimento do setor deve-se adequar ao tempo social. Em Roraima, considera-se investir em atividades de outrora, inserindo política de monitoramento e regulação, implantação de equipamentos básicos e inserção comunitária. Por exemplo, a falta de fiscalização nas práticas de turismo de pesca no estado, causa conflitos entre a comunidade e empresários. A ausência de regulamentação e da participação dos pescadores locais é visto como consequência da falta de planejamento e de ações conjuntas.
Figura 1: Terras indígenas de Roraima
Fonte: elaborado pelo autor (BRITO, 2018, p. 57).
Apesar de apresentar grandes potencialidades para a expansão da atividade turística, as políticas públicas realizadas no estado de Roraima não foram capazes de integrar ações e projetos aos atrativos naturais e culturais. Há carência de planejamento estadual. O que existe são ações isoladas que surtem pouco efeito.
Essas dificuldades derivam da falta de comunicação entre setores do governo estadual, que não protagonizam ações estratégicas sincrônicas. Constatou-se que a maioria dos projetos voltados ao desenvolvimento do turismo partiram da esfera federal (Figura 2), expondo o desinteresse da gestão pública de Roraima em protagonizar a expansão de tal atividade econômica. Observou-se que as políticas públicas realizadas priorizaram atender ao agronegócio, que assume o principal vetor de crescimento estadual.
Figura 2: Políticas públicas de turismo na região Norte e em Roraima
Fonte: elaborado pelo autor (BRITO, 2018, p. 66).
Desse modo, Bruno de Brito conclui que deve ser realizado um plano estadual de turismo em Roraima capaz de estabelecer a integração entre os setores chaves ao desenvolvimento econômico regional. O documento volta-se ao turismo, tendo em vista a ausência de monitoramento, as dificuldades de acesso e de infraestrutura. Deve-se gerar soluções e estratégias que não contraponha os interesses comunitários.
Para mais informações consultar:
BRITO, Bruno Dantas Muniz de. A política de turismo na Amazônia Setentrional: O Estado de Roraima e a Construção do “Tempo do Turismo”. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará – Área de concentração: Dinâmica territorial e Ambiental, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza-CE, 2018. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/40979.