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Laboratório de Planejamento Urbano e Regional

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MEGAEVENTOS, ALTERAÇÃO DO ESPAÇO URBANO: A Copa do Mundo na Cidade de Fortaleza/CE

ADAPTADO POR:

Francisco Gabriel da SILVA NETO

silvanetofg@alu.ufc.br

Universidade Federal do Ceará

 

Diferente do propósito da realização dos jogos olímpicos de Berlim em 1936, que procuravam comprovar a superioridade da raça ariana através da conquista de medalhas de ouro em todas as modalidades olímpicas. Eventos esportivos na atualidade, em nível mundial são oportunidades disputadas por países e suas cidades (onde realmente os jogos acontecem) e seus respectivos representantes, com o propósito de se integrar à economia mundial através da publicidade positiva  de suas características geográficas e culturais.

Com esse propósito, o Governo do Estado do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza, no intuito de facilitar a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, criaram, dentro de suas estruturas seções como a Secretaria Especial da Copa – SECOPA no âmbito estadual com responsabilidade de coordenar as ações com outras secretarias governamentais.

Os investimentos de recursos públicos e da iniciativa privada em projetos de modernização da rede de transportes aéreo, ferroviário e viário na área urbana, relacionados ao mega evento contribuíram para o surgimento de novos empregos, o que consequentemente aumentou o nível de renda dos trabalhadores, aqueceu a economia e promoveu as melhorias sociais e infraestruturais, transformando de maneira significativa a produção espacial da capital, sendo este o verdadeiro legado do evento.

Estas transformações trouxeram à cena os agentes imobiliários que se beneficiaram com a valorização dos seus produtos pela proximidade com as obras para o evento. As comunidades e os movimentos sociais que ocuparam a área que davam lugar às vias de acesso ao palco do evento, gerando a motivação da resistência à remoções e violações dos seus direitos.

Buscando analisar e construir uma reflexão crítica sobre o cenário estabelecido pelas mudanças no espaço urbano de Fortaleza, no contexto do megaevento, especificamente a Copa do Mundo de 2014, observamos que a comunidade do Dendê, encontrava-se na lista de intervenções urbanísticas a serem implementadas pelo estado como demonstra a Figura 1 que representa o mapa  de localização da comunidade do Dendê:

Estas pessoas que compõem a comunidade chegaram neste local na década de 1970, depois de serem removidas das favelas Verde Mares, Dom Luiz, Cervejaria Brahma, Cidade 2000, Hospital Geral de Fortaleza e Praia do Meireles. O plano do governo do estado, orçado em 115 milhões de reais, objetivava a recuperação da faixa de proteção do mangue do rio Cocó, através da urbanização, regularização de assentamentos precários e da construção de novas casas beneficiando 5 mil famílias.

Outra obra de transformação do espaço urbano de Fortaleza é a implantação do VLT, que utilizaria a linha férrea já existente fazendo a ligação do Porto do Mucuripe à estação da Parangaba, essa linha é utilizada para transporte de cargas pela Transnordestina Logística S/A. O projeto prevê a alteração de 13 km da linha férrea, onde somaria 9 estações ao longo do itinerário.

O Veículo, composto por quatro carros, terá capacidade para transportar até mil passageiros. O traçado do VLT passará pelas vias: Av. Germano Franck; Av. Lauro Vieira Chaves; Av. Borges de Melo; Av. Aguanambi; Rodovia BR-116; Av. Antônio Sales; Av. Padre Antônio Tomás; Av. Santos Dumont; Av. Dom Luís. Os bairros por onde o VLT passará, são: Mucuripe, Vicente Pinzon, Varjota, Papicu, Aldeota, Cocó, Dionísio Torres, São João do Tauape, Salinas, Alto da Balança, Fátima, Vila União, Aeroporto e Parangaba.

O VLT é o empreendimento do Governo do Estado do Ceará que mais se destaca entre os equipamentos para a Copa do Mundo pelo fato de demandar número significativo de desapropriação de famílias instaladas nas adjacências da linha férrea. Em alguns desses bairros, estão as chamadas Comunidades do Trilho, alvo das remoções do projeto, a saber: Trilha do Senhor, Aldacir Barbosa, Dom Oscar Romero, São Vicente, Rio Pardo, Jangadeiros, João XXIII (Pau Pelado), Pio XII, Lagamar, Vila União e Mucuripe, como podemos observar na Figura 2 que representa o trajeto do VLT:


Ao mesmo tempo que esses eventos favorecem as ações do mercado imobiliário e o processo de exclusão urbana de Fortaleza, principalmente nos bairros próximos à Arena Castelão, observou-se que os especuladores imobiliários valorizam seus empreendimentos por obras governamentais próximas ao palco do evento e suas redes de transporte.Eventos como o da Copa do Mundo são oportunidades para que os governantes possam implementar projetos de requalificação urbana e alteração dessa infraestrutura. Aliando os recursos do setor público e setor privado na busca de colocar a cidade na vitrine da mídia internacional e entrar no circuito do mercado mundial. Essas requalificações aquecem a economia, iniciando na cadeia produtiva da indústria da construção civil, no entanto esses projetos prejudicam os mais vulneráveis remanejando-os do seu lugar e colocando-os em locais longe do centro da cidade, muitas vezes sem a infraestrutura necessária.

 

GÓIS, R. A. D. A metrópole e os mega-eventos. Implicações socioespaciais da copa do mundo de 2014 em Fortaleza. 2013. 179 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/9026

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