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Universidade Federal do Ceará
Laboratório de Planejamento Urbano e Regional

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Novos Negócios Imobiliários Em Expansão Metropolitana Na RMF

ADAPTADO POR:

José Wesley Silva dos ANJOS

arqwesleyanjos@gmail.com

Universidade Federal do Ceará

 

A tese desenvolvida por Nogueira traz como plano de fundo o entendimento das mudanças econômicas, políticas e tecnológicas que passaram a ocorrer nas metrópoles do mundo, a partir do final do século XX. O autor pontua as mudanças a partir da década de 1980 com a ampliação do capitalismo financeirizado e da globalização, trazendo à tona como as metrópoles têm apresentado mudanças em suas estruturas produtivas, mercados e também nas dinâmicas demográficas.

O padrão econômico mundial cada vez mais financeirizado e afluente do espaço virtual, somado a reprodução do capital e suas espacializações que cada vez mais se apresentam numa escala global é retratado através de mudanças nas configurações espaciais das metrópoles, principalmente, com o objetivo de responder às demandas e necessidades de agentes hegemônicos.

Porém, é válido pontuar que essas variantes se inserem de forma diferenciada nas metrópoles e nos circuitos de trocas globais, respeitando as escalas locais, intermediárias ou globais, das metrópoles, também levando em consideração seus processos históricos, socioeconômicos, culturais, políticos e entre outros.

A fortificação do setor imobiliário e sua relação com o espaço urbano, retrata a urbanização capitalista defendida por autores como Castells, Harvey, Topalov, entre outros. Essa função do Estado capitalista, na contemporaneidade, traz novos processos e articulações entre o setor imobiliário e sua força no “fazer urbano” e apresenta essa reestruturação do espaço dentro das metrópoles, como exemplos, temos: a produção de novos objetos imobiliários, mudanças no mercado de terras, novas características locacionais de lançamentos, entre outros.

O autor pontua essa reestruturação como novas tendências de expansão e é o objeto principal da sua tese. Como se dão as tendências de metropolização e o crescimento da mancha urbana nas metrópoles contemporâneas, especialmente dentro das atuais mudanças econômicas, tecnológicas e culturais, além de tratar dos impactos espaciais desses processos.

Esses novos negócios imobiliários se inserem na lógica de globalização e da desregulamentação da economia. O tema surge para o autor pela pertinência do aumento da produção imobiliária a partir do século XXI, principalmente pelo boom imobiliário vindo com a diversificação das características dos produtos imobiliários, aumento das faixas de renda que esse grupo atendia, além de alguns incentivos do governo federal.

Esse plano de fundo foi crucial para a intensificação da expansão rumo às bordas metropolitanas com grandes projetos residências e comerciais, para os municípios conurbados, em Fortaleza essa expansão imobiliária é estudada pelo autor em dois corredores específicos pela frente de expansão leste/sudeste da Região Metropolitana, tendo como municípios principais Eusébio e Itaitinga e a frente de expansão oeste/sudoeste com os territórios de Caucaia, Maracanaú e Pacatuba (MAPA 01).

MAPA 01 – Frentes de Expansão Imobiliária na RMF

(Fonte: Nogueira, 2016)

Há novos padrões espaciais na produção imobiliária dentro desse processo de expansão horizontalizada e a mercadificação dos espaços metropolitanos, confirmando um processo cada vez mais concreto de neoliberalização dos espaços e da superacumulação capitalista nas mãos dos grandes empresários e proprietários de terra.

Esse processo, que é crescente desde os anos 1990, só ganhou corpo com o crescimento dos financiamentos imobiliários vindos dos anos 2000. Públicos de menor renda como a “classe c” acaba por ser inserido no mercado imobiliário, por novos segmentos de lançamentos baseados na localização dos produtos. Abrangendo novos territórios, antes desinteressantes pelo mercado.

O eixo sudeste/leste se apresenta como foco em empreendimentos de alta renda, por condomínios horizontais e loteamentos fechados, com uma frente de baixa densidade. Já o lado oeste/sudoeste aparece como “lar” dos empreendimentos de menor renda, direcionados para a população que vai adquirir o imóvel pelo aumento do crédito (MAPA 02 e 03).

MAPA 02 –Expansão  Imobiliária  Leste/Sudeste do espaço metropolitano de Fortaleza

Fonte: Nogueira, 2016

MAPA 03 – Expansão  Imobiliária  Oeste/Sudoeste do espaço metropolitano de Fortaleza

Fonte: Nogueira, 2016.

Nesses empreendimentos é notória a privatização dos espaços de consumo coletivo, como áreas livres e praças, pela pouca quantidade de espaços públicos e lugares de convivência de qualidade, fortificando assim um processo de fragmentação sócio-espacial.

O autor conclui relatando como essas expressões se tornaram comuns e que esse emaranhado de muros e grandes condomínios que hoje podem ser incomuns e estranhos, num futuro não tão distante podem ser entendidos como um modelo otimista de crescimento econômico, onde a idealização do desenvolvimento foi finalmente alcançado.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

NOGUEIRA, Cleiton Marinho Lima. Expansão metropolitana e novos negócios imobiliários na alvorada do século XXI. 206f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/30283. Acessado em: 12 de março de 2021.

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