As Transformações Socioespaciais Em Eusébio Através Do Capital Imobiliário No Contexto De Metropolização
ADAPTADO POR:
Francisco Thalvanys Marques DUARTE
Universidade Federal do Ceará
Desde a Lei Complementar nº 14 de 1973, muitas capitais brasileiras juntamente com seus respectivos municípios circunvizinhos foram estabelecidas como metrópoles. Esta medida surgira com um incentivo para políticas de desenvolvimento numa escala regional e Fortaleza e municípios circunvizinhos estavam contidas, dentro desse cenário, sendo um deles o Eusébio que surgira a partir da emancipação de Aquiraz dando-lhe uma característica emergente à metrópole. Eusébio, por ser um município recente e também por estar próximo à capital, fora um grande alvo de transformações socioespaciais, sobretudo do capital imobiliário.
O crescimento de Eusébio ocorre pelos chamados vetores de expansão que são os principais eixos que tomam rumos da expansão de metrópole e se caracterizam como uma grande tendência para esta, conforme Nogueira (2011), no caso da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), essas vertentes são numeradas em 4 no qual dois agem sobre o município de Eusébio (Figura 1).
Figura 1 – Mapa de Vetores de Expansão da RMF
Fonte: elaborada pelo autor e por Francisco Lizando Ponciano Gomes, 2011, a partir do Google Earth
O Vetor II é situado na porção sudeste coincidindo pela rodovia da BR-116 área de grande fluxo e escolhida estrategicamente para instalações de indústrias em um cenário de descentralização industrial da capital. Com o advento industrial crescente nessa área, demandou-se um solo urbanizado atraindo e propiciando um crescimento demográfico. Quanto ao vetor IV teve forte influência do segmento imobiliário tanto nos âmbitos residencial e turístico, no qual seus eixos foram as rodovias CE-021 e CE-040. Dessa forma, esses vetores de expansão configuraram na morfologia e transformações socioespaciais no município observado na figura 2.
Figura 2 – Mapa de expansão Metropolitana e Dinâmica Imobiliária 1
Fonte: elaborada pelo autor e por Francisco Lizando Ponciano Gomes, 2011, a partir do Prefeitura Municipal de Eusébio
Embora o contexto metropolitano tenha iniciado a partir do estabelecimento por meio de lei em 1973, no que tange a Eusébio, essas implicações apenas surgiram nos anos de 1990 quando se emancipou de Aquiraz. Nos anos 2000 estes processos se intensificaram pelo fenômeno denominado de “periferização das elites” e “escapismo das elites” (COSTA, 2003; SOUZA, 2003 apud NOGUEIRA, 2011). Sendo assim, o distrito que era predominantemente ocupado por chácaras e sítios, foi se dinamizando e sendo apropriado por um novo perfil com residências para as classes média e alta marcando, assim, o “boom imobiliário” por empresas do setor que tinha presença até de capital estrangeiro. Além disso, essa conjuntura imobiliária não envolveu apenas as empresas do setor, mas também com ações do Estado que investiu com obras de infraestrutura e incentivos por meio de legislações. Os loteamos e condomínios fechados são os mais relevantes e beneficiados por essa conjuntura (Figura 3), a exemplo do grupo Alphaville.
Figura 3 – Mapa de expansão Metropolitana e Dinâmica Imobiliária 2
Fonte: elaborada pelo autor e por Francisco Lizando Ponciano Gomes, 2011, a partir do Prefeitura Municipal de Eusébio
Portanto, observa-se o acelerado crescimento do município desde sua emancipação abarcado no contexto metropolitano impulsionado pelo capital imobiliário. Logo, Eusébio tornou-se um território de flexibilização de Fortaleza no que tange ao âmbito residencial, outrossim, o município continua com forte dependência à capital, uma vez que, a oferta de serviços e comércio ainda é concentrada lá intensificando essa característica que o município tem em relação à capital cearense.
Referências Bibliográficas:
NOGUEIRA, Cleiton Marinho Lima. EXPANSÃO METROPOLITANA E DINÂMICA IMOBILIÁRIA: O MUNICÍPIO DE EUSÉBIO NO CONTEXTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA (RMF). 151 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Geografia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011.