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A poluição visual é um atentado às paisagens urbanas

Data da publicação: 5 de setembro de 2025 Categoria: CRÔNICIDADES

A poluição visual é um atentado às paisagens urbanas

Por: Prof. Dr. Alexandre Queiroz Pereira

Formalmente regulados pelo Código da Cidade, os limites instituídos para a instalação de barreiras visuais (placas, totens, outdoors…) não têm sido suficientes para evitar a bagunça visual que se constata em Fortaleza. Esse atentado tem colocado em xeque a valorização das paisagens e o bem-estar em nossa cidade.

Como todos sabemos, as paisagens são patrimônios inalienáveis das cidades. E isso se explica por vários motivos. As paisagens urbanas são conjunções complexas entre formas e movimento, geralmente alcançadas pelos nossos sentidos e eleitas pelos simbolismos a elas atribuídos. Na cidade, as paisagens são registros do passado e, ao mesmo tempo, indicadores da mudança. Sendo dinâmicas, as paisagens são faces repletas de linhas de expressão. Paisagens precisam de tempo. Envelhecidas no registro dos calendários, são, por outro lado, vivas e icônicas.

É imperioso compreender os elementos visuais da cidade — sua composição sensível aos olhos — como um bem público, um espaço público. Entendendo dessa forma, voltamos à questão do excesso e do novo padrão de placas e anúncios gigantescos instalados em quase todas as esquinas.

São insuportáveis os enormes painéis digitais, superluminosos, a apresentar imagens com brilho excessivo. Tais estruturas fixas, na maioria das vezes aéreas, emitem sinais luminosos verdadeiramente sufocantes, tediosos e desnecessários. São barreiras que impedem a visualização das fachadas dos prédios e da copa das árvores.

Além das questões da paisagem, há uma situação prática associada ao trânsito e à condução de veículos. Conto aqui uma experiência pessoal. Certo dia, quando já era noite, ao parar em um dos cruzamentos da avenida Antônio Sales, pude sentir o impacto dessas estruturas. O brilho intenso chega a ofuscar os olhos do motorista, produzindo distração e momentâneo desconforto nos sentidos. Há, em complementação, uma provável tendência à distração ao volante, semelhante ao que acontece quando se tenta dirigir e manusear o telefone celular.

De forma responsável, em outras oportunidades, reportagens nos jornais locais expuseram esse tema e abordaram aspectos diversos, na mesma direção do que comento aqui. De um lado, há o interesse das empresas de propaganda; do outro, o imperativo de preservar o interesse público — no caso, a manutenção da paisagem como bem comum aos cidadãos.

Se os tamanhos, os padrões e as localizações estão dentro do Código da Cidade, a realidade descrita indica a necessidade de revisar e/ou fiscalizar melhor os equipamentos de divulgação das empresas e marcas. Posso estar enganado, mas penso que o sucesso de uma marca ou empresa não é proporcional ao tamanho do painel de exposição por ela utilizado. Isso é, no mínimo, cafona — próprio do modelo americano da Times Square.

Há outros exemplos mais elegantes, onde o charme do empreendimento comercial não está na sua placa de publicidade, mas na beleza e no cuidado com o imóvel ocupado, na bela fachada ou mesmo no zelo com seu entorno.

A continuar o movimento de expansão desse modelo danoso de ocupação do espaço público, a poluição visual (cada vez mais digital, iluminada e colorida) contribuirá, não para mais vendas, mas para elevar a sensação de fadiga, cansaço e desprezo pela rua e pelo bem público que é a paisagem urbana.

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