IV CILITUR – Colóquio Internacional sobre Cidades Litorâneas e Turismo
Data da publicação: 16 de junho de 2023 Categoria: Sem categoriaAs práticas socioespaciais do turismo redefinem o território usado, relacionando-se dialeticamente com a produção do espaço na sua totalidade. Para Milton Santos, o espaço geográfico corresponde ao território usado, ou seja, não somente às formas, uma vez que o território usado se constitui de objetos e ações, espaço socialmente usado e habitado pelo homem (SANTOS, 2005,)[1]. Essa categoria teórica – território -, tem potencial para permitir uma compreensão trans-escalar (o lugar e o mundo, as verticalidades e horizontalidades) e trans-histórica (os meios naturais, o meio-técnico e o meio técnico-científico-informacional), no processo de transformação da natureza pela cultura, mediadas, neste caso, pelo turismo.
Assim sendo, se por um lado o território usado é espacialidade de conflitos e contradições sociais próprias do sistema capitalista, ultimamente exacerbadas pelos avanços no campo das inovações tecnológicas e digitais, em consonância com a emergência e hegemonia do capital financeiro (fictício e intangível), por outro lado, tem potencial para se impor como resistência e divergência. Para tanto, a luta contínua pela democracia em distintas esferas da sociedade em uma perspectiva coletiva é condição essencial para promover o direito ao território em sentido amplo, não somente na cobrança de intervenções que criem uma homogeneidade de acesso à terra, aos recursos naturais, à moradia, às infraestruturas, aos serviços e equipamentos públicos, mas na possibilidade de protagonizar os sujeitos, por meio da conscientização e da luta, na definição de usos e apropriações do território, de modo a garantir a justiça socioespacial, que inclui o direito ao lazer e ao turismo.
A atividade turística, como uma das práticas socioespaciais mais relevantes na contemporaneidade e que faz significativo uso do território, sobretudo nos espaços litorâneos, carrega as fortalezas e fraquezas que expressam os processos, conflitos e contradições do desenvolvimento desigual na produção e consumo do espaço no Brasil e na América Latina, exigindo abordagens diversas no que tange à articulação entre turismo, democracia e direito ao território.
Diante desse panorama diverso e complexo, o IV CILITUR convida pesquisadores, profissionais e estudantes a contribuírem com o debate proposto, submetendo resumos expandidos para apresentação em sessões de comunicação ou pôsteres nas seguintes temáticas, nas quais está inserida a relação entre turismo, democracia e direito ao território.
- Urbanização turística
Este eixo temático abriga estudos que analisam os processos de urbanização em áreas litorâneas suscitados pela atividade turística, em diferentes escalas (local, metropolitana, regional e nacional). Abrange ainda interpretações dos conflitos e contradições decorrentes de projetos de intervenções físico-espacial, como a urbanização de frentes marítimas, o provimento de infraestrutura, a questão do patrimônio histórico, estratégias de requalificação em áreas centrais, a implementação de equipamentos turísticos (em suas diferentes tipologias) e seus efeitos morfológicos, socioeconômicos, espaciais e ambientais na produção e consumo do espaço.
Incluem-se também trabalhos que se debrucem sobre a produção de indicadores relacionados ao processo de urbanização turística e seus efeitos, bem como acerca de processos de gentrificação, fragmentação, segregação e vulnerabilidade socioespacial;
- Turismo, poder e território.
Este eixo temático acolhe trabalhos que discutam o papel dos agentes produtores e consumidores do “espaço turístico” no contexto econômico, político e cultural-ideológico da atual fragilidade/resiliência da democracia e inclui: as políticas públicas, as ações e intervenções promovidas pelo Estado; a atuação do setor privado, sobretudo no âmbito das dinâmicas imobiliárias, que abrangem os proprietários dos meios de produção e consumo, os proprietários fundiários e os promotores imobiliários; os turistas e os habitantes dos destinos turísticos; a fragilização da democracia e o avanço das práticas neo e ultraliberais no turismo; as repercussões do Turismo 4.0 (financeirização e inovações tecnológicas) nas dinâmicas, usos, apropriações, fluxos e deslocamentos no espaço, bem como na divisão socioespacial do trabalho.
De outro lado, são bem vindos trabalhos que tratem de práticas e experiências de outros agentes no campo da economia colaborativa e/ou de Turismo de Base Comunitária e Turismo Criativo como alternativa e resistência ao modelo hegemônico, pautadas na participação popular, nas políticas públicas e em processos democráticos de autogestão do turismo e dos lugares, como em comunidades tradicionais (quilombolas, povos originários, caiçaras, pescadores, etc.) e periféricas, bem como a inclusão social relacionada ao desenho universal e à acessibilidade.
- Turismo, paisagem e as questões ambientais
Esse eixo acolhe trabalhos que tenham como foco central a discussão de práticas socioespaciais do turismo em áreas litorâneas, com especial interesse em seus efeitos no cotidiano e na garantia do direito à qualidade e à preservação ambiental no território. Por fim, serão bem-vindos ainda trabalhos que versem sobre as relações entre paisagem, meio ambiente, crise climática, impactos ambientais, novas formas de uso dos recursos naturais associados ao lazer e à coexistência com outras atividades econômicas e usos dos territórios litorâneos.
[1] Santos, Milton. O retorno do territorio. En: OSAL: Observatorio Social de América Latina. Año 6 no. 16 (jun. 2005- ). Buenos Aires : CLACSO, 2005- . — ISSN 1515-3282. Disponible en:http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/osal/osal16/D16Santos.pdf
CRONOGRAMA
– 20 de maio de 2023 Primeira Chamada de Trabalhos
– 15 de junho de 2023 Segunda Chamada de Trabalhos
– 17 de julho de 2023 Limite Submissão de Resumos Expandidos e Pôsteres
– 28 de agosto de 2023 Resultado dos Resumos Expandidos e Pôsteres
– 04 de setembro de 2023 Limite Inscrição com desconto e garantia da publicação nos anais.
– 08 de novembro de 2023 Inscrição no Evento
– 08 a 10 de novembro de 2023 Realização do IV CILITUR
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