Metropolização no Nordeste Brasileiro e as Políticas Governamentais em Aracaju, Maceió e João Pessoa
ADAPTADO POR:
Gabriela Bento CUNHA
Universidade Federal do Ceará
Nas últimas décadas a atividade turística apresenta-se como um fenômeno mundial. Diante disso, algumas variáveis merecem destaque em sua análise: arranjos espaciais, dinâmicas e especificidades regionais (referentes ao consumo do espaço e a oferta de serviços). Acrescenta-se a esse cenário a atuação de dois importantes agentes na promoção dessa prática, o poder público (notadamente o Estado) e a iniciativa privada.
A produção do espaço urbano é composta por diversos agentes e suas relações que interferem diretamente na promoção e divulgação dos destinos turísticos. No caso do Nordeste, é preciso compreendê-lo como região e suas articulações, principalmente no tecido metropolitano, pois é a partir destas dinâmicas que o turismo apresenta-se como uma atividade econômica difundida e planejada pelo Poder Público e a iniciativa privada em vários estados da Região.
Partindo da análise regional-metropolitana, algumas cidades ganham destaque nesse estudo: João Pessoa (na Paraíba), Maceió (em Alagoas) e Aracaju (em Sergipe) (figura 1). Elas expressam a importância do arranjo metropolitano – tendo a metrópole como polo emissor dos fluxos – e dos investimentos públicos e privados do turismo na região. Outra variável nesse processo é o planejamento desigual, retratando um desenvolvimento diferenciado dentro da região em análise. Isso ocorre ao colocarmos em pauta outras metrópoles do cenário nordestino, como Fortaleza, Recife e Salvador.
Entende-se que as políticas governamentais de turismo relacionam-se diretamente e indiretamente com os espaços metropolitanos, seguindo à lógica de hierarquia urbana para a produção espacial. Assim, as metrópoles relacionam-se com o desenvolvimento turístico bem como as áreas metropolitanas, participando de um desenvolvimento turístico a partir dos fluxos metropolitanos em mais suas variadas escalas.
A elaboração de planos de desenvolvimento para o turismo no Nordeste do país corroborou para investimentos em áreas específicas, como infraestrutura e serviços, principalmente nas capitais (figura 2). Assim, compreendemos que as áreas com maiores investimentos são aquelas localizadas na borda metropolitana, sendo – na maioria dos casos, áreas econômicas já efetivadas. Diante disso, o turismo reforça seu papel urbanizador na região.
Muitos são os debates sobre o planejamento governamental em relação ao turismo. É importante ressaltar que as políticas públicas de caráter turísticas passam pela mesma ótica da industrialização dos anos 1970-80, priorizando o espaço urbano metropolitano, com algumas dinâmicas consolidadas. Nesse contexto, as ações voltadas à integração da região e a diminuição das desigualdades foram poucas, levando em análise que as áreas que tiveram maior crescimento foram às áreas urbanas, que já eram dotadas de considerável relevância na rede urbana e regional, principalmente as áreas metropolitanas e as capitais estaduais.
Figura 1 – Mapa com as cidades em análise nessa pesquisa: João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Aracaju (SE).
Figura 2 – Mapa com os principais Investimentos por cidades do PRODETUR/NE I / 2015.
Apesar de programas de desenvolvimento da região, notadamente o PRODETUR e suas etapas, é possível analisar disparidades na distribuição de recursos e promoção da atividade turística como vetor consolidado economicamente. Mesmo diante desse cenário, as cidades em destaque nesse trabalho indicam algumas particularidades no crescimento da urbanização litorânea e demonstram que os Estados de PB, AL e SE, conseguem desenvolver suas dinâmicas e fluxos turísticos. Os grandes empreendimentos turísticos – de caráter internacional e nacional – chegam a seus espaços litorâneos promovendo novos arranjos e formas de consumo, com grande destaque para ações estatais de marketing e propaganda turística.
Referência Bibliográfica:
ARAÚJO, Enos Feitosa. Políticas governamentais e metropolização no Nordeste Brasileiro: apontamentos espaciais nas cidades de João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Aracaju (SE). 2015. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Ceará,