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Universidade Federal do Ceará
Laboratório de Planejamento Urbano e Regional

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O Papel do Mercado de Confecção Popular da Região Metropolitana de Fortaleza na Economia Urbana da Cidade

ADAPTADO POR:

Mariana Ingrid Sousa Melo

marianaingridsousa@gmail.com

Universidade Federal do Ceará

A teoria dos circuitos da economia urbana, elaborada por Milton Santos, foi a base teórica utilizada para entender como o mercado de confecções da Região Metropolitana de Fortaleza se estruturou e se consolidou a partir da década de 2000 até o ano de 2018 diante de importantes, tradicionais e já consolidados mercados de confecções no Nordeste brasileiro. A partir disso analisando a estruturação, organização e consolidação desse mercado buscou-se entender as significativas mudanças socioespaciais na capital cearense que passou a ter expressividade na economia, como o encadeamento de relações entre os circuitos da economia urbana e as estratégias desenvolvidas.

Mapa 1 – Polos de Confecção do Nordeste.

Fonte: BEZERRA, Eciane Soares da Silva, 2018.

Como é visto no Mapa 1, Pernambuco, Paraíba e Ceará despontaram como importantes polos confeccionistas, como por exemplo as cidades Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Caruaru no Agreste Pernambucano e Campina Grande na Paraíba. Quanto ao polo confeccionista cearense, este estruturou-se e se expande, ao longo das últimas duas décadas, no espaço metropolitano da capital Fortaleza, ganhando evidência como mais um importante polo de confecções populares na região. Em Fortaleza os principais locais de comércio de confecções popular são: Beco da Poeira, Polo de Confecções da José Avelino e Centro Fashion Fortaleza. Nestes espaços do comércio confeccionista é possível ver como a economia urbana se estrutura, pois é um sistema único composto de dois subsistemas, apresentando o circuito superior, sendo ele constituído por bancos, comércio de exportação e importação, que quando precisa se expandir, legitima a ação do circuito inferior da economia, permitindo investimento da iniciativa privada em empreendimentos que abrigam os trabalhadores do circuito inferior. No circuito inferior, seus agentes recorrem a empréstimos para assim conseguir sobrevivência. Com isso, o crédito é determinante no desenvolvimento dos circuitos econômicos sobre o espaço, pois ele representa um vínculo entre os mesmos, possibilitando que o consumo consiga expansão sobre o território.

Conforme Bezerra (2018) a expressiva produção de confecção popular somado ao esforço em manter a qualidade dos produtos aliada a um preço baixo, acompanhando o que estava na moda e produzindo, até peças originais, foi base para a constituição e a consolidação do mercado metropolitano confeccionista. Segundo Bezerra (2018) com o uso das redes sociais para divulgar as marcas de mercadorias foi possível entrar em contato com clientes de várias partes do Brasil, ampliando as possibilidades de negócios e assim os trabalhadores inseridos nesse mercado conseguiram permanecer na atividade além de criar uma produção e reprodução social por conta que seu fortalecimento passou a abranger um raio de atuação que ultrapassa os limites da metrópole e abarca estados de quase todas as regiões do país, e desenvolvendo também um caráter internacional, conforme pode ser observado no Mapa 2.

Mapa 2 – Fluxo Internacional de Compradores da Feira de Confecção no Centro de Fortaleza-CE

Fonte: BEZERRA, Eciane Soares da Silva, 2018.

Bezerra (2018) afirma que o fortalecimento desse mercado permitiu a ampliação das redes técnicas e de comunicação utilizadas pelos agentes do circuito inferior para se manterem enquanto agentes econômicos sobre o espaço, dinamizando fluxos e interação espacial, algo facilitado pela infraestrutura de transportes que a metrópole disponibiliza. Assim, motivados pelo mercado metropolitano de confecções, conseguindo atingir os municípios do estado do Ceará, outras regiões do Brasil e também outros países, se beneficiados pelo suporte que a região metropolitana oferece. Isso permitiu o aumento da oferta de voos internacionais, em Fortaleza, para trinta e seis destinos na Europa, Estados Unidos, África (possuindo o país que mais busca a confecção cearense: Cabo Verde), Guiana Francesa e Suriname, assim evidenciando o aspecto internacional do mercado confeccionista da metrópole cearense com a presença de compradores de outros países, e também tornando-se o principal centro de distribuição de voos fora do eixo Rio-São Paulo. Em resumo, o mercado de confecções de Fortaleza tem uma dinâmica que não abrange apenas o consumo local, compreendendo também o regional, o nacional e o internacional.

 

Referências Bibliográficas:

BEZERRA, Eciane Soares da Silva. O MERCADO METROPOLITANO DE CONFECÇÃO NOS CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA DE FORTALEZA-CE. 212 f. Tese (Doutorado) – Curso de Geografia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.

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